Olha prum lado, olha pro outro.
Os carros não passam, o sinal está fechado.
Os pés se movimentam à frente, as pernas se esticam e contraem.
O sol brilha nas minhas costas e na minha mente, e eu caminho mesmo assim.
Estou na metade do caminho, e alguém ainda está pouco atrás.
Sinto meu corpo tremer por uma fração de segundos.
Tenho visões do futuro, e sinto as sensações do futuro.
O tempo passa em menos de um segundo, e eu ainda no meio da rua.
Minhas pernas se movimentaram normalmente, de modo imperceptível fraquejaram.
Eu estou mais perto do outro lado da rua.
Meus dedos seguram a morte, a morte eminente.
E ela sai de dentro de mim, em parte, levando consigo um tiquinho da minha vida.
Eu permaneço em fuga nos momentos que ninguém vê.
E eu ainda não saí do lugar.
Falta pouco, a rua está próxima.
O gosto da morte me detem de dizer certas palavras.
Eu mudo a vida sem fazer nada.
Eu sou covarde, e isso me faz corajoso por ser.
Sim, eu pisei na calçada.
O sol ainda brilha nas minhas costas e na minha mente.
Não estou só, mas estou quase sempre permanentemente ausente.
O sinal ainda está fechado.
Queria que ele abrisse no meio do meu caminho.
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