24 de maio de 2009

Olhar vazio.

Olha prum lado, olha pro outro.
Os carros não passam, o sinal está fechado.

Os pés se movimentam à frente, as pernas se esticam e contraem.
O sol brilha nas minhas costas e na minha mente, e eu caminho mesmo assim.

Estou na metade do caminho, e alguém ainda está pouco atrás.
Sinto meu corpo tremer por uma fração de segundos.

Tenho visões do futuro, e sinto as sensações do futuro.
O tempo passa em menos de um segundo, e eu ainda no meio da rua.

Minhas pernas se movimentaram normalmente, de modo imperceptível fraquejaram.
Eu estou mais perto do outro lado da rua.

Meus dedos seguram a morte, a morte eminente.
E ela sai de dentro de mim, em parte, levando consigo um tiquinho da minha vida.

Eu permaneço em fuga nos momentos que ninguém vê.
E eu ainda não saí do lugar.

Falta pouco, a rua está próxima.
O gosto da morte me detem de dizer certas palavras.

Eu mudo a vida sem fazer nada.
Eu sou covarde, e isso me faz corajoso por ser.

Sim, eu pisei na calçada.
O sol ainda brilha nas minhas costas e na minha mente.

Não estou só, mas estou quase sempre permanentemente ausente.
O sinal ainda está fechado.

Queria que ele abrisse no meio do meu caminho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário