
Por que duplicar o "Eu" ? - Observar nossas vivências com o olhar com que costumamos observá-las quando são as vivências de outros - isso tranquiliza bastante e é um remédio aconselhável. Mas observar e acolher as vivências de outros como se fossem nossas - a exigência de uma filosofia da compaixão -, isso nos destruiria em pouco tempo: apenas façam a tentativa e deixem de fantasiar! Além disso, a primeira máxima é certamente mais conforme à razão e à boa vontade de ser racional, pois julgamos o valor e o sentido de uma ocorrência de modo mais objetivo, quando sucede de outros e não a nós: por exemplo, o valor de uma falecimento, de uma perda de dinheiro, de uma calúnia. Já a compaixão como princípio de ação, com a exigência de sofrer com o infortúnio do outro como ele mesmo, implicaria que o ponto de vista do Eu, com seu exagero e excesso, também se tornasse o ponto de vista do outro, do compassivo: de forma que tornaríamos de sofrer ao mesmo tempo com o nosso Eu e o do outro, e nos sobrecarregaríamos voluntariamente de um duplo contra-senso, em vez de tornar mais leve o peso do nosso.
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