6 de junho de 2009

Agnus Dei


Ligação as tantas e muitas da noite, revelando-me a insapiência e complexidade da ignorância do ser. Eis que levanto-me do meu ambito de descanso marasmeático, rogo palavras a Deus pedindo para que se seja importante tal motivação para incomodar-me.
Atendo ao maldito aparelho berrento e dou um gole de café amargo e forte. Palavras aleatórias, um pedido, uma implicância irresistivelmente ignorável mas, que eu consegui não deixar passar em branco, e um até logo.

Acordo de acordo com o previsto, arrumando o mundo a minha volta e traçando metas para o decorrer do dia. Lanço mão de um favor, e embarco no carro de papai para ir ao colégio, lugar de prévia marcação. Oh sim, o vento! Frio e gutural, causando arrepios nos outros caminhantes e, em minha pessoa, carinhos. Em qualquer outro dia normal eu sentiria um frio brutal, posto que a minha essência é quentíssima. Mas, fiquei até mais sereno e disposto.

Local marcado, hora marcada, ninguém ou quase ninguém além de umas poucas infantís pessoas.
Sento-me em um banco de concreto qualquer, recosto-me em fria parede cinza, igualmente ao banco, e passo a folhear páginas de uma apostila medíocre qualquer. Um chega, e com olhar de cansaço e comum receptividade abala o meu astral psicológico. Em um dia frio, mesmo que confortável, caiu muito mal tal cumprimento triste. É.

Tensa solidão dupla aqui, silêncio estranhíssimo alí, e uma iniciativa própria: "- Vamos estudar o que?".

Começo a divagar e logo sou interrompido por trépida e trovejante presença, acompanhada de igual voz. Daí pra frente, eu esqueço as coisas. Eu estava de preto.

Rola um descaso duplo com a minha presença e minha aptidão para certas áreas de estudo, e, notando tudo, retenho-me a observar:
Um, que não gosta do outro, e outro, que pelo desespero não-desesperado, admite colocar-se no papel de ouvinte de tão inafável pessoa, em sua concepção, claro.
Isso me dói. Fez-me sentir, novamente, descartável, esquecível e retornável. Fechei-me, na espera de que alguém notasse as mortas e destruidoras ondas de pele se formando no meu rosto, quando ele se contraía de modo agressivo ou, carente simplesmente. O pior foi que pareceram notar e, nada, absolutamente nada foi feito em prol de desmoronar o meu silêncio.

Senti-me um lixo. Senti-me trocado. Senti-me traído e ignorado. Senti-me só, porém, de modo diferente. Senti-me só do lado das pessoas que mais tenho gostado. Isso realmente me machucou.

Como eu odeio ficar sozinho.

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