27 de setembro de 2009

A Crise de Percepção. - ou - A Música das Esferas.


Ando vivendo momentos de reflexão. Uma reflexão grande e não necessariamente auto-crítica. Ando revendo (e vendo) desde os porquês que me direcionam a seguir um determinado caminho que me liga de um lugar ao outro, até o mais pessoal e profundo "porquê dos quais e poréns". Também não é uma questão de necessidade, muito menos de insegurança. Pelo contrário, a reflexão em si, no meu caso, sempre foi uma ferramenta que me ajuda a embasar mais e mais minhas próprias perspectivas do espaço à volta.

Algumas das vezes essa ferramenta me permite constatar que, aquilo que me era tido como 'X', na verdade é um 'Y'. Ou que simplesmente não existe matemática para aquela. Compreendi também que hoje o principal motor da problemática humana não é uma falta de possibilidades, ou um despreparo inerente de nossa raça para lidar com os problemas mundiais, políticos e econômicos, regionais ou pessoais; é uma simples e, ao mesmo tempo, complexa crise de percepção.

Quero antes de tudo avisar que, por mais que um texto possa a vir a ser resumido ou expresso em uma única linha de pensamentos ou um único grupo de conjugados pensamentos analíticos, palavras são sempre mais do que palavras. Logo, um texto pode ser aplicado em todas e quaisquer circunstâncias de nossas vidas, em nossos cotidianos, em nossos particulares e no nosso público viver, passando do respirar até o grande assunto das bocas, o Amor. Esses dois pontos, aliás, explicitam dois extremos que curiosamente se chocam diariamente nos nossos pensares e nos escritos dos mais bem conceituados poetas e escritores.

Hoje, a noção crítica e pessoal deu lugar ao senso comum. Não no vinhés conhecido por nós, alunos de ensino médio e pré-vestibulandos, mas sim na questão do literal senso comum. O grupo, o Todo, pensa de um modo individualizadamente grupal, como se cada tomada de atitude ou cada não-tomada da mesma fosse em prol de um Todo. É uma complicada mistificação do 'amor ao próximo' e um total descaso com o 'à ti mesmo'.
Poderia ser atribuída essa tal crise como sendo resultado de uma vontade superior, no sentido humano, ao Poder. O Poder, nas mãos de uns poucos, torna toda uma humanidade, a nossa raça, subjulgada por um grupo minoritário e detentor das mais variadas formas de regulação social, política, econômica, pessoal... e por aí vai.

Mas não. É uma questão pessoal. É um "quê" tão intimamente intrínseco, que passa despercebido. Continua a passar despercebido, por sinal. Eu mesmo não sei o que seria esse "quê" elucidante e libertador.

Acho que a melhor forma de explicar essa tal intrínseca solução, esse "quê", seria relacionando-o com a Física e com a Química, matérias que venho estudando vestibulosamente.
A muito tempo atrás, e eu não vou me preocupar nem um bocado em medir temporadas, nosso tão querido e amado Newton propôs, atravéz de inúmeros e perfeitos cálculos, as mais variadas formas e interpretar os fenômenos da natureza. Essas elucidações por sí só, transformaram toda a mente humana da época, e além dela, como ainda hoje em dia podemos observar. O problema ao qual vou me ater, porque existe mais de um problema na temática newtoniana de ver o mundo, é que tais fenômenos são estudados e explicados em isolado, em seperação de um todo.

Alguns devem lembrar, lá das aulas de Química, quando se foram vistos os primeiros modelos atômicos propostos. Logo, aprendemos o modelo atual de idealização de um átomo, a matéria principal e constituínte de todas as outras formas. Na época de sua descoberta, houve por parte dos cientistas toda uma perturbação ao descobrir que, ao redor de um átomo, rodeavam-lhe outras partículas menores, os elétrons. Porém, o grande choque de realidade foi recebido quando notou-se que o que havia entre um elétron e o núcleo de um átomo, eram grandes espaços vazios. Não somente as grandes distâncias entre o centro e os elétrons assustavam os cientistas, como também a noção de que, por exemplo, se um átomo é do tamanho do Rio de Janeiro, o estado, o núcleo seria do tamanho do campo do estádio do Maracanã, e que a distância entre um elétron e o núcleo de um átomo é tão proporcional quanto a distância do Sol à Terra.
Sim, é uma escala realmente perturbadora e chocante.

Mais chocante ainda foi entender que, para se medir um elétron, você só poderia fazê-lo em um determinado momento. No exato instante seguinte, aquele mesmo elétron já não mais estaria no mesmo lugar, assim como já não seria mais a mesma partícula.

"Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio" - Heráclito

Para entender melhor, é como se um elétron não existisse. Ele existe no momento em que precisa existir. Ele passa a existir quando precisa coexistir com outro elétron. Essa talvez seja a melhor forma de se explicar essa idéia, um tanto quanto confusa.

A matéria como nós a entendemos hoje, é constituída pelo princípio da solidez. Matéria sólida essa, com enormes espaços vazios entre um átomo e outro, entre um elétron e seu núcleo. Então, como nós não atravessamos paredes, ou caímos por entre chãos e chãos de matéria?

A resposta está na tendência. A tendência de que cada elétron, sendo infinitamente pequeno e que exista em constante movimento tenha de se associar à outro elétron. É uma relação, uma ligação, um contato, uma troca, uma coexistência.

Assim como na Ciência, as soluções não existem de fato. Elas seriam intrínsecas, seriam naturalmente parte de nossa existência, tornando-se reais ao passo de que as necessitamos. É o problema da falta de percepção dessa necessidade que nos torna cada vez mais distantes uns dos outros, feito elétrons e seus núcleos. Cabe a cada um de nós pensar, utilizando desta ferramenta unicamenta capaz, o cérebro, em como criar nossas soluções. Em como criar nossas relações, nossas ligações e vidas.


"Um homem pode viver sozinho, mas um Sozinho jamais será um Homem."



1- João Victor melhorando suas afinidades filosóficas com as científicas.

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