23 de outubro de 2009

Sem Título

Talvez a melhor forma de começar seja pelo fim. A morte.

"O fim dos seus dias", "O último badalar dos sinos", "A derradeira bebida", "O último trago", "A despedida repentina"; não importa, são todas iguais. Todas são o fim do início e o início do fim, que para muitos é só o prelúdio de um outro início.

Você está em casa e resolve que precisa comprar ovos. Vai ao mercadinho, e pede ovos. Compra ovos, caminha pela calçada da direita, leva um tiro (sem notar) na cabeça e morre.
Morre? É, você morre. Simplesmente. Banalmente, você morreu. Quando, banalmente, você estava voltando após ter comprado ovos, o que ganha: um tiro. E perde também a vida.
Não há uma segunda chance como nos videogames, e nem há uma outra possibilidade. Você está morto.

E quando você morre, o mundo para? Pelo contrário. Ele parece existir mais rápido, andar mais rápido, voar mais rápido e é você que está atrapalhando tudo com o seu corpo ensanguentado e esticado grotescamente no meio de uma calçada da direita. Grotescamente esticado como somente o abraço da morte poderia ter-lhe deixado.
E as suas coisas, o que será delas? Pessoas irão remexê-las e desfazer-se de muito, e aproveitar somente aquilo que lhes for interessante. Vão fazer o papel dos decompositores e exterminar qualquer vestígio de sua passagem pela Existência. Aquelas que gostaram de você, te acharam um cara legal e tudo o mais, vão continuar a vida. As que te amaram, vão morrer em alguma proporção. Se você não se permitiu amar ninguém...

Seu cachorro vai continuar sujo, seus projetos não serão concluídos (pelo menos por você), a roupa molhada vai continuar dentro da máquina de lavar e você ainda vai deixar alguém te esperando para aquele compromisso de hoje à tarde. Não há jeito, não há como avisar: se morre. A morte sim, essa indiferente criatura, essa é quem vai avisar aos outros de algo: de que você não faz mais parte da vida. Você se foi. E o mundo haverá de ter perdido a sua presença, o seu sorriso, o seu choro e o seu calor.

Mesmo que você tenha fumado dois maços de cigarro nos últimos vinte anos, que tenha bebido das mais loucas bebidas, até o mais tradicional whisky schot. Mesmo até que você tenha corrido pelas ruas ou na academia, ou que tenha feito check-up ao final de cada mês, você estará morto um dia.

Pensado isso, cai em nós aquela torrente de perguntas: Quem eu terei sido ao final da vida? Quem terá me visto viver? Por onde terei ido? Quem terei conhecido? Quantos anos eu terei? O que terá escolhido meu filho - Medicina ou Psicologia? Mas, mesmo que você encontre ou não resposta para alguma dessas perguntas fatídicas, a mais importante é: Será que valeu a pena?Parece pouco, parece pequena demais. Mas, pode acreditar; se você tiver resposta só para esta pergunta, nada mais será indagável.
Faça-se o favor e facilite a sua resposta largando para longe todas as bobagens e pequenas coisas e vivendo a vida que há para viver.

Perdoe... sempre!!!

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