26 de maio de 2009

High in down.


São dois os modos: De ônibus, ou de carro.
Escolho o carro primeiro.

Ele salta de mais uma viagem de mais ou menos, 10 minutos, de trânsito intenso, música aleatória nos ouvidos, e visões do mesmo caminho sempre. As pernas bambeiam, os joelhos flexionam-se, e os passos são dados. Atravesa-se o portão negro e, assim, dá de entrada no mundo infinitamente fechado e castigante que é.

Os passos são dados, ele começa novamente com a doutrina do indiferente transitante. Cada passo seu, uma reafirmação de suas indiferenças com o todo, e só para confundir as massas, lança nos olhos um olhar potente, e cobre a boca de um sorriso calejante, que desarma qualquer sujeito. Uma saudação matinal ressoa de seus lábios recém acordados. Escadas sobe, inspetores cumprimenta, aleatórios ignora/cumprimenta.

A sala.
O lugar frio, com pessoas frias. Ele rastreia o lugar muito bem quisto, acha-o, e encaminha-se até o tal. Milhares, bilhões, muitas mãos e bocas o cumprimentam. Ele se sente drogado pela ignorante falsidade e pela perversidão da conversa. Sente-se sempre mal por conseguir tão facilmente embrenhar-se nos conteúdos, e tirando deles todos ótimas risadas para seus carrascos. Sente a presença da cadeira perto das nádegas. Sim, ele presta atenção nisso.
Acomoda-se no assento.

Fim de trajeto.
Agora, o querido ônibus.


Ele salta de uma viagem de mais ou menos, 25 minutos, de trânsito intenso, música aleatória nos ouvidos, e visões do mesmo caminho sempre. Quando se diz salta, é literal. O corpo sacode com o movimento, e sinapses se tornam mais ativas. Caminha a longos passos a distância de 4, 5 passadas. Já com cigarro e isqueiro em mãos, o fogaréu começa. É feito mágica, e o pedaço pega fogo entre os dedos. A boca puxa, a fumaça mortalmente relaxante, que passa até o fundo da garganta, rasgando os pulmões ainda gelados pelo ar da noite. Ele sempre dorme com janelas abertas, por motivos muito, interessantes.

Não se relaciona bem com a obrigação de entrar no horário pré-definido e faz de tudo, minto, simplesmente não atravessa a rua e fica prostado, lendo com olhos de cansado e faminto por algo, revistas e manchetes nubladas, cujas letras acabam no fim, por representar simplesmente nada no seu dia. Vez por outra algo o chama a atenção, mas é raro.

Um cigarro a menos, o gosto amargo do final do maldito, e o cheiro característico, que causa repulsa em uns, morte social (minha) em outros. Um presente muito digno para se dar às pessoas que tanto o incomodam nas manhãs de carro.Ele dá sua última tragada, a mais funda e doentia, pergunta as horas para o bom moço da banca de jornais e descobre-se ainda a tempo de entrar corretamente. Ri-se, e caminha na calçada. Grades pretinhas se abrem, seu corpo atravessa rapidamente o hall de recepção do inferno e, com passos mais rápidos sobe escadas. Seu corpo vai perdendo as energias, de modo fatalmente perceptível, e ele torna-se um monstro.
Dores de cabeça, dores no corpo, nas pernas, tudo, e ele bafeja o ar mal tratado em seus pulmões.

Rá, ele abre a porta da sala. Como que por magia, nota a educada e delicada corrida dos indivíduos para contar distância do seu hálito, ou mesmo de suas narinas potentes. Ele ri por dentro, com a própria desgraça. Ri mais ainda com a desgraça que a desgraça tráz. Sem problemáticas, lança olhar ao lugar de prostituição mental, encaminha-se dizendo poucas ou nenhumas palavras e, acomoda-se.

Ouve um comentário ou outro de algum infeliz, ou algum amigo, sobre o aroma. É a vitória, a vitória de tudo que é ruim, e do que nos torna seres humanos.

Para aqueles que reclamam, para aqueles que admiram, para aqueles que não ligam.

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