A mente está turva em si, as pernas doem como se perfuradas por agulhas envenenadas. Palavras serão escritas de modo torto.
O problema da gente que não gosta de ser mau é querer ser sempre Luz, ser sempre o Bem, ser bom o tempo todo. Parece mentira de vendedor de imóveis, mas ser bom é mais doloroso do que ser malvado, ou tipicamente humano. Humano, porque 75% de nossos corpos são feitos com moléculas negativas. Isso já deve ter passado um pouco da idéia em si.
Claro, cada um segue o seu ideal de bom. Eu seguia o meu, ou pelo menos era assim que eu me acreditava vivendo. Não vou lançar mão da descrição deste traço da minha personalidade. Não. Seria mais louvável expurgá-lo do âmago da minha essência, mas isso é impossível agora.
No final dessas contas, devo muito ao meu lado bom e, acredito ter feito coisas realmente louváveis, modestia parte, em relação as pessoas para as quais consegui passar esse bem. Mas, e os que eu não consegui tocar?
Ah, desses, no passado, eu não necessitava nem ao menos tentar. Percebia logo à distancias grandes que, se fosse pra fazer algo, deveria usar os "75%". E usava. E funcionava! Funcionava mais rapidamente e mais eficientemente. Sim, o lado ruim era bom, e era bom no que fazia! A idéia aqui, até esse trecho, era a de passar a minha visão das consequências e dos pesos que o Bem e o Mal interiores exercem. Entenderam, ou querem uma explicação? Um desenho, quem sabe...
Agora, a idéia é explicar porque é mais rápido e mais eficiente: calma, vamos devagar, essa pode ser mais difícil ainda de se entender... *puxa o ar bem fundo, incha os pulmões e solta bem de leve* - O sofrimento educa a alma ignorante.
Tá, vamos de novo: O sofrimento educa a alma ignorante.
Tudo bem? Desceu bem ai?
Pois bem. Agora a questão do equilíbrio: não é pra ser 100% "ruim", muito menos cometer o erro de ser 100% "bom". 50-50 tá numa boa média. Talvez uns setentinha pro dark side ... ahm, enfim, eu já tinha esquecido como é bom ser ruim, e como isso é importante pra vida de alguém que precisará viver entre as pessoas, dentro de uma sociedade. Eu abri mão disso por muito tempo, mais de dois anos, e perdi muito de um lado pra ganhar do outro. Agora, talvez seguindo esse esquema de 50-50 eu ganhe de um modo razoalmente igual, perdendo, assim, de um modo igualmente razoavel.
O meu grande erro, acredito, até hoje, desde o início desse período de abstinencia de malignidade, tenha sido por o coração sempre à frente do meu raciocínio. Eu sou 120% raciocínio. Eu simplesmente estive fora de mim, durante dois anos. Ou então, uma metáfora que possa expressar melhor essa incomparável parte de mim: Meu racional, ficou preso num quarto escuro, dopado, imóvel e inane. Dele, e por ele, um fino fio, ligando ele próprio à mim. O lado racional ao sentimental, esse muito mais bom do que mal, aquele muito mais mal do que bom.
Foi compreensível a minha visão sobre "sentimental e racional" e " bom e mal" ?
É claro, tem algo mais profundo, mais denso e inconstragível dentro dos dois, que são um só, que faz ser eu mesmo. Mas isso eu não sei o que poderia vir a ser e, acredito eu, não é de agora que ele se manifesta incontrolavelmente, de modo imperceptível e indómavel, como a respiração, o batimento cardíaco, ou a vontade de espirrar. Daria até pra segurar ou impedir, porém ... mais cedo ou mais tarde ele vem à tona.
Deu pra pegar o paralelo que eu fiz entre meus lados bom e mal, através de adjetivos e metáforas?
Querendo não me prolongar muito no papo, considero necessária e salva a explicação do porque desse texto todo. Bem, não vou dizer tudo, mas, o texto em si é uma desculpa. É uma desculpa sim, porque não existe melhor forma de explicar. Mas, àqueles que preferem algo mais racional, ... Seria uma aula de história sobre a Segunda-Guerra, de onde o(a) professor(a) iria retirar a base de uma pergunta na sua prova. Seria o adeus de uma mãe ao filho que vai para os braços da Morte. Seria tentativa de fazer alguma coisa útil pela sua nação. Aliás, é tudo isso aí. Tentarei não ser mais o Napoleão.
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