"(...) -Você não pode solta-la ainda. Não, não é prudente. Sua alma tem de permanecer alocada onde nenhuma outra quer permanecer, e onde nenhuma outra jamais quis permanecer.
Deve ainda se lembrar que não há Liberdade verdadeira, somente a causa única da prisão. Saber o que te prende, talvez seja a chave mais verdadeira da qual você se aproximará em toda a sua vida. Não esqueça que ainda é tempo de perder o controle sobre as coisas e se deixar morrer completamente para a realidade do mundo. Ainda está viável, essa caverna fecunda e promíscua, escura e profunda, onde muitos entram somente até a porta sem jamais olhar para o fundo dela. Não se deixe esquecer que, até onde outros foram, você também pode ir.
Sua alma? Você precisa dela para alguma coisa? Em algum momento, você se permitiu que ela falasse por você sem, em troca, ganhar uma perda? Você, alguma vez, achou mesmo que valia a pena libertá-la e deixá-la respirar um pouco a realidade, sem ser, logo em seguida, asfixiado quase que mortalmente por mãos invisíveis, ou esmagado por pedras imensas? Será que vale a pena morrer pela sua alma? Acreditamos que você saiba a resposta, meu jovem. E essa resposta pode ser a chave de sua libertação deste mundo. (...)"
Birds of Paradise, Livro II, cap. Diálogos da Razão.
Porque um dia ruim pede um texto desgostoso.
Permanentemente danificado, eternamente consertando.
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