E então você abre os olhos, com aquela dor nas costas e no corpo que só podem te dizer uma coisa: hora de trocar o colchão.
O vento do ventilador bate encima da sua cara como se arrancasse os seus pulmões um pouquinho mais a cada instante, e você sabe que o seu dia vai ser a mesma merda de sempre. O seu cheiro é a segunda coisa que você nota, e isso te desagrada. Não que você seja fedorento, pelo contrário; o seu cheiro te agrada. Por isso mesmo você sabe que alguém mais deveria estar sentindo isso e se agradando com você, com o seu cheiro.
Não. Não é isso na verdade.
É um pouco mais profundo do que somente dividir as mesmas sensações com alguém, do que dizer as mesmas coisas e ter as afinidades profundas possíveis: isso tudo você já teve e, de um modo ou de outro, é infelizmente que você sabe que pode ter tudo isso quando quiser. O que você procura ninguém pode te dar.
É um cheiro diferente de manhã, com ou sem o ventilador. Sem o ventilador, de preferência. Então, deixa pra lá, que por enquanto nada deve ser mudado de lugar.
Água gelada é tudo o que você deseja. Sua boca seca se abre e range como uma porta velha ou um pedaço de carne podre no ar, e só a pia pode te satisfazer. Água gelada, só depois de descer 34 degraus, e você não está preparado pra isso às duas da tarde, logo após acordar de um sono fudido e cansado. Você não durmiu, adimita. Ficou apenas naquele estado transitório e contínuo de quase sono, ou sono suspenso, onde tudo é controlado por você. Inclusive os seus sonhos.
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