You, please: don’t create those things that doesn’t exist, and stop showing those that are not. Don’t make me believe humam beings are so capable of finding interesting the complete inversion of all we understand; I wish I could woke up in the morning knowing that my friends are more into politics then on facebook’s “Test your IQ”. Surely, I’m not daring to say who I am, or who we are. Instead, I want to leave the question “who am I?”, or “who are we?”, because, of one thing I’m sure, and it is that nobody’s IQ test represents themselves, because people are not test results.
26 de dezembro de 2010
22 de dezembro de 2010
Shewolf
Você deveria ser um lobo, porra! Você anda sobre duas patas, tem dois braços, dois olhos, um nariz, orelhas redondas e cabelo até os peitos. Anda numa selva, caça todos os dias a sua carne, foge dos predadores, espante os rivais, marca território... só faltava ter umas crias e um alfa te assegurando tudo isso. Porque você insiste em negar a você mesma esse direito de poder descansar, de poder ficar ali, sentadinha no seu canto, só esperando a carne da caça chegar, não ter de se preocupar com os predadores, com as ameaças, só cuidando das crias, que não dão tanto trabalho assim... pensa bem, percebe: você virou uma humana, seguindo por esse caminho. Hoje você tem que fazer todas coisas sozinha, só pode contar com aqueles que você chama de amigos e daquele infeliz, retartado, cego e anormal da sua namorada! E como é que você pode chamar aquilo de namorada, hein? Ela nem te trás a carne no seu cantinho? Aliás, você nem tem o cantinho. Todas nós temos o nosso cantinho, o nosso alfa, o nosso modo de viver a vida tão igual, tão fácil, tão cômodo! Não tem nem por quê a gente se preocupar em pensar numa motivação pra viver, isso o alfa concede à nós!!! E você, com essa vida difícil, árdua, complicada, cansativa... porquê você segue nesse caminho infrutífero e completamente insatisfatório, que só vai te levar à mais insatisfação, sofrimento...
- Porque eu fui além do cantinho e do alfa, e vi que também era feliz lá.
- Porque eu fui além do cantinho e do alfa, e vi que também era feliz lá.
Travesseiro de Tolstói
Tenho tido preferência por coisas simples
simples como a linha do seu vestido
e o carinho da sua mão
na minha pele culpada
e no meu osso despido
Por tanto tempo acordava cedo demais
olhava o céu e via estrelas ainda
mas olhava para mim
e via livros e autores
títulos do passado
a constelação europeia
Durmo até tarde hoje
e para sempre
não espero mais ver as estrelas
nem antes de acordar de novo, que seja
E que as minhas linhas lidas, já gastas
e que meus livros lidos, já rôtos
passem dessa para melhor
nesse inverno sem estrelas
nesse anoitecer sem a sua linha
Para que quando você acordar cedo, veja as estrelas
como eu as via, da Europa ou da China
e perceba a preferência pelas coisas simples
dentro de um livro
com um osso meu
ainda sonolento.
Crime e Castigo
São ainda duas e quarenta e sete da manhã e eu não consigo esquecer as últimas três horas e vinte e três minutos que sucederam antes de eu vir parar aqui nessa mesa de hospital.
Minha mulher teve um filho, e o meu filho nasceu paraplégico por causa de uma disfunção cerebral que ele desenvolveu dentro da barriga da mãe, que era fumante. Fumante porque o pai dela abusa dela, sempre, todos os dias quando a mãe ia sair pra trabalhar em uma empresa de telemarketing em Madureira logo de manhã bem cedo, e antes de chegar no ponto de ônibus ela passa no seu joca, jornaleiro, e comprava um maço ali com ele. Enquanto ela era abusada pelo pai, a mãe trabalhava doze horas por dia e voltava pra casa tarde demais pra poder dizer boa noite pra filha. Um dia, quando o pai dela, que aliás, nem era pai de verdade, morreu, a mãe dela a abraçou e pediu desculpas, dizendo que não sabia mais o que podia fazer, se não fumar. Dois anos depois a mãe dela morreu de câncer pulmonar que se desenvolveu enquanto ela, a filha, ia trabalhar pra sustentar a mãe doente em casa. A mãe morreu enquanto ela trabalhava na rua como atendente de telemarketing, e ela não pode nem dizer adeus, e nem fazer mais nada, a não ser fumar. Pelo menos ela pode pagar um enterro num cemitério de bacana na zona sul. No mesmo dia da morte da mãe dela, nascia uma garotinha muito lindiha, de olhos azuis, perninhas gordinhas e branquelas, boquinha vermelhinha e dedinhos do tamanho de um afago. Essa coisinha linda pra quem todo mundo olha se chamava Rebecca, com pai chamado Roberto e a mãe, Mirela. Rebecca. Eu sou o pai, Roberto. Tenho ainda vinte e oito anos, moro no Rio de Janeiro, no bairro do Flamengo, do lado da empresa onde eu trabalho. Essa empresa foi do meu pai, que morreu faz uns poucos anos, não me lembro mais quantos, mas sei ainda que foi de câncer de pulmão. Minha mãe falava que ele tomava café cedinho, todos os dias, e nunca que conseguia terminar o pão porque “o relógio sempre marcava dez minutos a mais do que ele podia gastar”, e por isso eu nunca que comi de manhã com ele na mesa. Só ficava olhando o jornal que ele tinha lido e deixado na cadeira, imaginando o que ele tinha achado do aumento da bolsa de valores de Londres, do terremoto que matou mais de dez mil no Japão, ou do escândalo de desvio de verbas dos senadores. Eu nem sabia quem era Londres e quais valores tão altos ele tinha nessa bolsa. Só sabia que ele matava a fome do café da manhã com cigarros, um atrás do outro nos finais de mês, quando a empresa fechava contas. Um dia, quando eu terminava de tomar meu café com leite, o elevador em que ele estava caiu dezessete andares direto no chão. Só o meu pai estava nele. No hospital, disseram pra minha mãe que não iam poder fazer muita coisa por ele, porque a cirurgia que podia salvar a vida dele teve de ser cancelada ao descobrirem que ele tinha um câncer de pulmão já avançado, que debilitava todo o sistema dele. Depois disso, eu cresci e entendi o que era a bolsa de valores de Londres, e entendi porque ele lia aquele jornal todos os dias. Eu consegui garantir o futuro da Rebbeca graças à essa bolsa, que nem era minha, e a Mirela podia encontrar todos os dias com as amigas aqui no apartamento, pra ficarem elas todas bebendo martini e fumando um cigarro muito fino e muito fedorento, como todos os outros, até não aguentarem mais e chamarem seus motoristas gostosões na hora de ir embora. Num dia desses, eu fui até o cemitério conversar com o meu pai sobre o aviso de concordata que uma rival nossa havia pedido recentemente. Lá, vi aquela mulher de olhos cheios, pele morena e cabelos cansados. Ela fumava.
Minha mulher teve um filho, e o meu filho nasceu paraplégico por causa de uma disfunção cerebral que ele desenvolveu dentro da barriga da mãe, que era fumante. Fumante porque o pai dela abusa dela, sempre, todos os dias quando a mãe ia sair pra trabalhar em uma empresa de telemarketing em Madureira logo de manhã bem cedo, e antes de chegar no ponto de ônibus ela passa no seu joca, jornaleiro, e comprava um maço ali com ele. Enquanto ela era abusada pelo pai, a mãe trabalhava doze horas por dia e voltava pra casa tarde demais pra poder dizer boa noite pra filha. Um dia, quando o pai dela, que aliás, nem era pai de verdade, morreu, a mãe dela a abraçou e pediu desculpas, dizendo que não sabia mais o que podia fazer, se não fumar. Dois anos depois a mãe dela morreu de câncer pulmonar que se desenvolveu enquanto ela, a filha, ia trabalhar pra sustentar a mãe doente em casa. A mãe morreu enquanto ela trabalhava na rua como atendente de telemarketing, e ela não pode nem dizer adeus, e nem fazer mais nada, a não ser fumar. Pelo menos ela pode pagar um enterro num cemitério de bacana na zona sul. No mesmo dia da morte da mãe dela, nascia uma garotinha muito lindiha, de olhos azuis, perninhas gordinhas e branquelas, boquinha vermelhinha e dedinhos do tamanho de um afago. Essa coisinha linda pra quem todo mundo olha se chamava Rebecca, com pai chamado Roberto e a mãe, Mirela. Rebecca. Eu sou o pai, Roberto. Tenho ainda vinte e oito anos, moro no Rio de Janeiro, no bairro do Flamengo, do lado da empresa onde eu trabalho. Essa empresa foi do meu pai, que morreu faz uns poucos anos, não me lembro mais quantos, mas sei ainda que foi de câncer de pulmão. Minha mãe falava que ele tomava café cedinho, todos os dias, e nunca que conseguia terminar o pão porque “o relógio sempre marcava dez minutos a mais do que ele podia gastar”, e por isso eu nunca que comi de manhã com ele na mesa. Só ficava olhando o jornal que ele tinha lido e deixado na cadeira, imaginando o que ele tinha achado do aumento da bolsa de valores de Londres, do terremoto que matou mais de dez mil no Japão, ou do escândalo de desvio de verbas dos senadores. Eu nem sabia quem era Londres e quais valores tão altos ele tinha nessa bolsa. Só sabia que ele matava a fome do café da manhã com cigarros, um atrás do outro nos finais de mês, quando a empresa fechava contas. Um dia, quando eu terminava de tomar meu café com leite, o elevador em que ele estava caiu dezessete andares direto no chão. Só o meu pai estava nele. No hospital, disseram pra minha mãe que não iam poder fazer muita coisa por ele, porque a cirurgia que podia salvar a vida dele teve de ser cancelada ao descobrirem que ele tinha um câncer de pulmão já avançado, que debilitava todo o sistema dele. Depois disso, eu cresci e entendi o que era a bolsa de valores de Londres, e entendi porque ele lia aquele jornal todos os dias. Eu consegui garantir o futuro da Rebbeca graças à essa bolsa, que nem era minha, e a Mirela podia encontrar todos os dias com as amigas aqui no apartamento, pra ficarem elas todas bebendo martini e fumando um cigarro muito fino e muito fedorento, como todos os outros, até não aguentarem mais e chamarem seus motoristas gostosões na hora de ir embora. Num dia desses, eu fui até o cemitério conversar com o meu pai sobre o aviso de concordata que uma rival nossa havia pedido recentemente. Lá, vi aquela mulher de olhos cheios, pele morena e cabelos cansados. Ela fumava.
(continua)
9 de dezembro de 2010
Minhas pernas, minha Verdade
Acho que atravessei a rua e não olhei direito os dois lados antes. Perdi a noção do branco e do preto, e fiquei flutuando ali, no meio da Rio Branco, durante uma daquelas chuvas de afundar Niterói. Perdi o contato com o mundo, mas senti que era dele que eu existia. O dia ficou com um cheiro tão úmido e cinza... parecia que eu era o dia também, parecia que eu era chuva e dióxido de carbono, freada de ônibus e berro de camelô. Tudo, tudo tudo e tudo, junto, misturado, unificado e glorificado. Deus existia. O homem foi à lua. Hobbes estava errado e o Amor era moeda de troca.
Sim, eu estava flutuando de fato. Milésimos de segundo em que fiquei em choque, como os médicos me explicaram, foram o suficiente para causar toda essa abrupta quebra de normalidade na minha percepção do Todo. Flutuando, flutuando... porque o meu choque não foi tão profundo e nem tão superficial, senão eu teria apagado no mesmo instante. Foi quase que a uns 80 por hora, não sei, isso foi o que um cara estranho lá me disse, não sei ao certo. O dono, ou dona, do carro, fugiu.
Fiquei caído lá, inconsciente. Não aguentei a Verdade e apaguei. O sangue escorria, e eu podia sentir a entropia do universo aumentando, aumentando... e quando eu percebi que a chuva tinha parado, me toquei de que ela batia forte no meu rosto, nos meus dentes e na minha garganta. Mas minhas pernas: elas já não faziam parte mim. E foi assim que eu conheci a Verdade. E foi assim que eu perdi as minhas pernas.
Sim, eu estava flutuando de fato. Milésimos de segundo em que fiquei em choque, como os médicos me explicaram, foram o suficiente para causar toda essa abrupta quebra de normalidade na minha percepção do Todo. Flutuando, flutuando... porque o meu choque não foi tão profundo e nem tão superficial, senão eu teria apagado no mesmo instante. Foi quase que a uns 80 por hora, não sei, isso foi o que um cara estranho lá me disse, não sei ao certo. O dono, ou dona, do carro, fugiu.
Fiquei caído lá, inconsciente. Não aguentei a Verdade e apaguei. O sangue escorria, e eu podia sentir a entropia do universo aumentando, aumentando... e quando eu percebi que a chuva tinha parado, me toquei de que ela batia forte no meu rosto, nos meus dentes e na minha garganta. Mas minhas pernas: elas já não faziam parte mim. E foi assim que eu conheci a Verdade. E foi assim que eu perdi as minhas pernas.
5 de dezembro de 2010
Manifesto educado da Memória
Escrevo algumas coisas de hoje, para que uma memória enfraquecida pelo tempo repentino e enfadonho de amanhã não me faça esquecê-las jamais. Assim, conseguimos todos manter vivas aquelas cores, mulheres, brigas, balas; aqueles problemas, sons, livros, amigos, textos; tudo para não esquecer. Porque somos humanos, e por mais bonito e verdadeiro que se tenha dito que "é ridículo admitir a necessidade de algo para poder lembrar-se", é triste e falso. Quem não esquece que deixe de ser mesquinho e tente ser menos perfeitinho.
Hoje, escrevemos sobre coisas que ninguém nunca escreveu. Na verdade, filosoficamente, ninguém nunca escreve algo igual ao de outro alguém. Aquele conto do rio que nunca é igual? Então, isso mesmo: nunca o mesmo. Nem o texto, nem o autor, ou os contextos.
E por falar em autores, antes de pensar que você escreve algo nessa folha, lembre-se de quem escreveu em você primeiro. Dê valor ao seu livro pessoal. Auto ajuda? Não! Por favor, né! O importante é não esquecer, e a melhor forma de não esquecer é incentivando a lembrar com gosto na boca. Hum, gosto na boca de morangos quando lembro de Mountauk. Gosto de vinho quando penso nela, mesmo que não tenhamos bebido vinho juntos, ainda. Gosto de música ruim quando lembro da Lapa.
Mas cuidado, não provoque sinestesias além do necessário: saiba dividir memórias de ilusões, de sonhos, de esperanças. Se você pegou um ônibus cheio, lembre-se dele como lotado, e não como meio cheio, ou quase agradável. Não. Seja digno das suas memórias e admita-as com a certeza cruel da realidade sua, somente sua. Não se permita furtar de si próprio a capacidade de machucar-se ou curar-se sozinho com lembranças; tente abraçar por memórias e veja como dói; cante uma música que marcou um momento, e veja como continua lindo; lembre-se.
Lembre-se sempre.
Esqueça jamais.
4 de dezembro de 2010
Sem pre(´-)tensões
Você está livre.
Você está livre.
Você é livre, você vê a Liberdade, você conversa com ela nas tardes de domingo.
Você é livre, você é livre com notas altas e com muita alegria nas palavras do seu caderno pessoal.
Você é livre na discussão com os seus pais, você é livre na argumentação científica, você é livre na deliberação social.
Você é livre, você é livre, você é livre.
Você é livre quando perde o ônibus e ganha tempo pruma cervejinha com aquela galera ali, você é livre pra recusar o beck safado daquela outra galera lá, você é livre, você é livre caminhando sozinho de noite e sorrindo. Você é livre e as pessoas olham nos seus olhos.
Você é livre e olha também, bem fundo.
Você é livre, e se permite olhar sensualmente pra modelo andando em Ipanema.
Você é livre pra receber de volta.
Você é livre, você é livre, você é livre pra ter um câncer no pulmão e sentir falta do seu videogame.
Você é livre pra beber cerveja e querer tomar iogurte de morango.
Você é livre de jaleco e bermudão com chinelos.
Você é livre, você é livre lendo Freud, ouvindo Placebo, escrevendo cartas.
Você é livre soltando elogios ao vento.
Você é livre, você é livre, você é livre.
Você é livre quando dorme sozinho, você é livre quando dorme no chão da varanda.
Você é livre, quando você é livre.
Você é livre quando respira, você é livre quando fuma demais.
Você é livre, você é livre.
Você é livre quando diz tu, você é livre quando dança na água da praia.
Você é livre quando canta debaixo d'água, você é livre quando toca piano e acerta.
Você é livre quando erra o número do celular do amigo, você é livre quando acerta o celular de um estranho. Você é livre, você é livre, você é livre.
Você sempre foi livre, você sempre foi livre pra perceber que era livre.
Você é livre pra perceber que é livre.
Você é livre, você é livre, você é livre.
Você, livre. Mais do que três vezes ao dia.
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