28 de julho de 2009

Nós gostamos mesmo é da noite.


Eu gosto é da noite. Lugar onde tudo é a mesma coisa, onde ninguem vê nada nitidamente e, por isso mesmo, os detalhes afloram todos. O mundo vive na noite porque, de dia, vive escondido. Vai ver é o calor.

Já tive muitas noites de caminhada solitária. Na verdade, caminhada solitária mesmo, foram só 5. Caminhada solítária em multidão, todo dia. Menos quando eu estou com o Nayzão ou com a Marina. Gabriel, eu vou encontrar logo se Deus bem quiser. Sei bem, acredito eu, como é uma caminhada na noite. Ela realmente se torna despreocupante quando não se tem destino. Você é o destino de todas as suas caminhadas, e isso é reconfortante.

A noite é bela, por esconder algumas coisas e enaltecer outras, como já foi dito aqui. Mas na verdade a noite é bela porque não é nada. Ela é só mais um arquétipo de liberdade, introjetado nas mentes coletivas, principalmente as dos jovens, tornando-a, assim, realmente libertadora. Isso só faz provar que quem liberta alguém é o próprio indivíduo e, como o Homem tem o dom da criação, assim como o Deus de cada um, nós tomamos a noite como a nossa libertadora particular e coletiva, ao mesmo tempo.

Mostra também, essa ideia que fazemos da noite, que o indivíduo busca a sua liberdade dentro de algum grupo. Dentro de um todo, pra dizer a verdade (dizendo logo, grupos são mini-mundos. Logo, buscar a liberdade individual dentro de um grupo, é, de fato, procurá-la no coletivo como um todo, de forma um tanto envergonhada). O ser humano precisa de seus iguais. Sempre precisou e sempre precisará.

A noite, amiga fiel, nos dá a oportunidade de sermos como somos, de botarmos pra fora aquilo que passa oprimido durante as horas iluminadas pelo Astro-Rei, que, coitado, não teve intenção alguma de oprimir ninguém.

O Homem, como sempre, se encarregou de botar nas costas do Radiante o peso de culpa que ele mesmo deveria carregar, para depois, amadurecido, livrar-se dele.

Não há porques de nos escondermos. Não há realmente porques para muitas coisas e, por isso mesmo, podemos e devemos ser como somos. Ser por ser, sendo o que se é. Mas ... nascem todos os dias Homens com almas maculadas por torcidas energias negativas (sim, energias, explicando bem de leve o ponto de vista).

Então, por favor, joguem a noite em seus dias. Enegreçam suas vistas com as sombras de noite se for preciso, mas libertem-se dos dogmas humanos, sociais, religiosos, patriarcais, culturais, enfim, todos os dogmas. Sejam livres no escuro, para trazer à luz essa vivacidade do mundo, ao mundo.




João Victor gosta de escrever algo com letrinhas. Assim vocês leem com mais foco.

25 de julho de 2009


Tied hands
Shuted mouth;

But never, never losing eye soul transmission.


T
R
A
N
S
M
I
T
I
O
N

15 de julho de 2009

A situação foi mais ou menos assim:
ele entrou na casa, olhou pros lados e não viu ninguem. Foi lavar seu rosto cansado, escovar seus dentes não muito brancos e descontraíu o corpo com uma bocejada das 9 da manhã de férias.
Preparou seu café, torrou seus pães, seus amados e gostosos pães, comeu, fartou-se e lavou tudo. Cama arrumada, quarto arrejado e bem organizado, como ele mesmo gosta e faz questão.

Começa a ficar forte a vontade, a vontade de reparar os danos, a vontade de apagar o que seu lado ruim fez. Ele, bobo e inocente, liga o aparelho maldito, conecta-se, e espera. Brinca ali, conversa frivolamente aqui, fala com todos mas não diz nada. Ele procura segurar suas palavras mais simples e verdadeiras. Oh! aparece a pessoa esperada. E ele percebe que é um escravo do maldio aparelho. Por segundos, ele fica triste, percebendo tambem que não teve coragem de falar antes, ou mesmo que não teve vontade suficiente. Percebe tambem que não utilizou outro aparelho maldito, mas não tanto, e não telefona. Porém o que mais o afunda é o fato de não poder comunicar o que gostaria ao bom e velho modo: o cara-a-cara.

Bem, ele larga de mão tudo isso, afinal, é inútil agora. Vê um vídeo marcado pela pessoa e passa a ter lembranças gostosas de um lugar frio e humilde. Lembra também de uma pequena e dócil criancinha, de cabelos pretos e brilhosos, como óleo, e sedosos, e gostosos, como só os dela poderiam ser! A indiazinha, sua prima. Também larga mão desses pensamentos e passa a tentar focar-se no que veio fazer. Diz algo sobre sua prima e, espera anciosamente pela resposta. É, espera, como uma criança espera pelo tapa da mãe quando faz bagunça. Ele só não queria ter bagunçado mais aquele coração.

SLAP! Tapa tomado. Ele segura bem nas bases, admite de antemão que era de merecimento. Desatina a bordar com palavras a sua camisa de força, e a produzir os fios de sua corda de morte. Tais palavras deveriam ser algo bom, mas acabaram lhe causando um profundo pesar. Um peso grande se instala em seu peito e ele se sente afundando, caindo e profundo parafuso. A tela começa a tremer e ele não entende o que acontece com o seu corpo e os seus sentidos. Se acha um fraco, um fresco, um bobo inocente, por passar por toda aquela situação.

Recebe tambem outras bofetadas, já quase de punhos fechados. Essas, ele ficou na dúvida se merecia ou não. Mas no final, seu lado bom falou mais alto e gritou que era preciso, o outro precisava daquilo ainda. Vai ver era seu lado ruim dando uma volta.

O que ele não aguentou, foi a poderosa e indefensável facada. A poderosa matadora. Essa, que em uma relação onde os corações estão ligados por um fino fio de amor, amor esse incalculável, se torna a mais destruidora das armas. A indiferença. E como ela é forte nele!

Aliada a raiva, ao medo e a imaturidade, esse fio foi rompido e, pobre deles, um deles morreu. Disse algumas últimas palavras de desespero e, esperou sua amiga Morte vir pegá-lo. Ele tentou puxar lembraças felizes, dos momentos mais brilhantes de sua vida. Mesmo assim, ele continuou ali, no fundo, no fundo do seu poço pessoal. O seu buraco solitário.

Deu as costas ao maldito, e via, mesmo sem ver com os olhos, o que o outro estaria fazendo. Sentiu nos ossos o que o outro estava sentindo por ele, sentiu na carne o que era a dor da perda. Vieram a raiva e a dor, depois ciúme e paranóia. Logo chegou também o pesar e o Grande Medo. Estava escuro, frio, frio, frio... e ele quis apagar. Não era a morte a quem ele chamava, mas a vida. Ele queria apagar-se e reescrever-se. Mas ele conhece o efeito do bater de asas de uma borboleta.

Ele ainda não está recuperado, e passa em branco o dia. Assimila de modo voraz matérias de colégio, antes impossíveis. Entende que tudo isso o estava, desde já, tão cedo, tornando-o mais forte.
Talvez essa seja a sua Quarta Chaga:

Tão forte e tão fraco;
tão inteligente e tão ignorante;
tão amado e tão odiado;
tão lembrado, tão esquecido.

É a Loucura fazendo graça pra ele.

Os porques dos quais e poréns

A mente está turva em si, as pernas doem como se perfuradas por agulhas envenenadas. Palavras serão escritas de modo torto.

O problema da gente que não gosta de ser mau é querer ser sempre Luz, ser sempre o Bem, ser bom o tempo todo. Parece mentira de vendedor de imóveis, mas ser bom é mais doloroso do que ser malvado, ou tipicamente humano. Humano, porque 75% de nossos corpos são feitos com moléculas negativas. Isso já deve ter passado um pouco da idéia em si.
Claro, cada um segue o seu ideal de bom. Eu seguia o meu, ou pelo menos era assim que eu me acreditava vivendo. Não vou lançar mão da descrição deste traço da minha personalidade. Não. Seria mais louvável expurgá-lo do âmago da minha essência, mas isso é impossível agora.
No final dessas contas, devo muito ao meu lado bom e, acredito ter feito coisas realmente louváveis, modestia parte, em relação as pessoas para as quais consegui passar esse bem. Mas, e os que eu não consegui tocar?

Ah, desses, no passado, eu não necessitava nem ao menos tentar. Percebia logo à distancias grandes que, se fosse pra fazer algo, deveria usar os "75%". E usava. E funcionava! Funcionava mais rapidamente e mais eficientemente. Sim, o lado ruim era bom, e era bom no que fazia! A idéia aqui, até esse trecho, era a de passar a minha visão das consequências e dos pesos que o Bem e o Mal interiores exercem. Entenderam, ou querem uma explicação? Um desenho, quem sabe...

Agora, a idéia é explicar porque é mais rápido e mais eficiente: calma, vamos devagar, essa pode ser mais difícil ainda de se entender... *puxa o ar bem fundo, incha os pulmões e solta bem de leve* - O sofrimento educa a alma ignorante.
Tá, vamos de novo: O sofrimento educa a alma ignorante.

Tudo bem? Desceu bem ai?

Pois bem. Agora a questão do equilíbrio: não é pra ser 100% "ruim", muito menos cometer o erro de ser 100% "bom". 50-50 tá numa boa média. Talvez uns setentinha pro dark side ... ahm, enfim, eu já tinha esquecido como é bom ser ruim, e como isso é importante pra vida de alguém que precisará viver entre as pessoas, dentro de uma sociedade. Eu abri mão disso por muito tempo, mais de dois anos, e perdi muito de um lado pra ganhar do outro. Agora, talvez seguindo esse esquema de 50-50 eu ganhe de um modo razoalmente igual, perdendo, assim, de um modo igualmente razoavel.

O meu grande erro, acredito, até hoje, desde o início desse período de abstinencia de malignidade, tenha sido por o coração sempre à frente do meu raciocínio. Eu sou 120% raciocínio. Eu simplesmente estive fora de mim, durante dois anos. Ou então, uma metáfora que possa expressar melhor essa incomparável parte de mim: Meu racional, ficou preso num quarto escuro, dopado, imóvel e inane. Dele, e por ele, um fino fio, ligando ele próprio à mim. O lado racional ao sentimental, esse muito mais bom do que mal, aquele muito mais mal do que bom.

Foi compreensível a minha visão sobre "sentimental e racional" e " bom e mal" ?

É claro, tem algo mais profundo, mais denso e inconstragível dentro dos dois, que são um só, que faz ser eu mesmo. Mas isso eu não sei o que poderia vir a ser e, acredito eu, não é de agora que ele se manifesta incontrolavelmente, de modo imperceptível e indómavel, como a respiração, o batimento cardíaco, ou a vontade de espirrar. Daria até pra segurar ou impedir, porém ... mais cedo ou mais tarde ele vem à tona.

Deu pra pegar o paralelo que eu fiz entre meus lados bom e mal, através de adjetivos e metáforas?

Querendo não me prolongar muito no papo, considero necessária e salva a explicação do porque desse texto todo. Bem, não vou dizer tudo, mas, o texto em si é uma desculpa. É uma desculpa sim, porque não existe melhor forma de explicar. Mas, àqueles que preferem algo mais racional, ... Seria uma aula de história sobre a Segunda-Guerra, de onde o(a) professor(a) iria retirar a base de uma pergunta na sua prova. Seria o adeus de uma mãe ao filho que vai para os braços da Morte. Seria tentativa de fazer alguma coisa útil pela sua nação. Aliás, é tudo isso aí. Tentarei não ser mais o Napoleão.

14 de julho de 2009

O Libertino

Ali jaz o podre corpo
ele, que viveu mil anos em um segundo
mil gozos em um minuto
mil amores em uma vida

Ali morre o homem que mais viveu
o homem que mais bebeu
o homem que mais perdeu

Ali jaz o homem que sentia o que pensava
e pensava o que sentia
como a ferida vil
que escorria de sua boca
desenibida

Ali jaz um homem
um homem qualquer, mas diferente
pois desde um sol nascente
ele vivia intensamente
sem exitar nem mesmo
ao poente.



Do you like me now?
Do you like me now?
Do you like me, ... now?

13 de julho de 2009

Segunda-feira

Hoje é uma segunda feira. Início de uma semana, início de um ciclo novo, início. Não para ele.
Coitado dele...

Os dias seguiam a confluente sina de uma vida sem sentido, onde o sentido se abrigava e reconfortava-se dentro dos outros, seres vivos, dotados de sentido (ou não, segundo alguns deles), mas que aos seus olhos possuíam sim sentido próprio. Seu sentido era diferenciado do dos outros, era cinza, era branco, era preto, era marron. Mas nunca verde, ou azul, ou roxo, ou vermelho.

Perdia-se nas contas que fazia, tentando calcular as dores que podia ter um dia vivido se tivesse permitido-se o viver que imaginou um dia. Hoje, sabia que era impossível. Mas, mesmo assim hoje, ele também cria outros novos 'impossíveis viveres', nessa fuga incansável de querer não precisar mais querer.

Ele arranca os braços e as pernas, num sacrifício já pré-determinado, tentando a todo custo fazer a diferença numa vida qualquer. E essa vida qualquer lhe ganha apreço, e as incalculáveis dores desse apreço surgem, pouco a pouco, muito a muito, e fazem com que o incomum rapaz recue para dentro do vazio que ele vive. Ele vive não vivendo, ele é presente sendo ausente. É assim que aprendeu a lidar consigo mesmo, alguem que ele não entende, ante um mundo que não se entende mais ainda.

Ele vai trocando as pernas nos caminhos tortuosos de uma rua e, espera esbarrar numa milagrosa alma enviada de algum lugar melhor.
Ele espera por milagres. Ele espera por ele mesmo.

Ele faz, ou pelo menos tenta operar milagres. Na verdade, ele se faz de instrumento para a libertação e evolução alheios, mas sente que tambem é parte do todo, mesmo não tendo feito efetivamente nada. Ele vive fazendo tudo, que é nada.

Ele não dá valor às própias ações, porque as ações dele se perdem. As ações dele são palavras, nada mais. Ele não é ação, de fato. Ele provoca, ele engatilha, ele enche de pólvora o canhão, ele põe o balaço, ele acende o pavio. Mas se o canhão não quiser explodir...

Ele vive se encostando na esperança dos outros, esperando feito um cachorro que espera pelo acalentante caor da mão humana, do seu dono, porque se sente protegido debaixo daquela mão. E ele sente vergonha do que existe dentro dele. Ele vira tudo que não é para ser alguem melhor.

Ele não é ruim, ele não é mal, ele não é mau, ele não é nada negativo. Mas negatividade é o seu oposto, é o que faz com que ele aprenda cada vez mais a entender o que ele é. E sempre parece tão pouco diante dos poderosos olhares que as pessoas amadas lhe projetam... esses olhares, desprovidos, mortificados e mortificantes. Os olhos vazios.

O vazio o consome, o enche de si mesmo, o faz sentir-se repulsável, descartável e inútil. Ele perde o rumo dentro do vazio, onde muita gente iludida acredita ver tudo. E não há nada.

Ele chora, ele grita, ele esperneia, ele xinga e provoca quem ele mais ama. Ele faz tudo o que não é, porque não admite a si mesmo num mundo inadmissível para ele próprio. Ele come da comida que o alimenta, e pede para o dia acabar sem vontade de comer. Ele não vê o sentido dentro dele.

Ele então, para não se desesperar, vive na aba do amor e ajuda aos amados a encontrarem suas respectivas trajetórias, sejam quais forem, sejam os caminhos que forem percorridos, ele segue. E geralmente ele morre mais um pouquinho nesses caminhos.

Um sol que nasce para o seu amado, é mais um poente nos seus olhos. Ele não vive, e vive intensamente.

Ele perder, pra ganhar. E nunca ganha, mas se sente um vencedor. Ele é tudo o que não é.

Ele destrói, ou tenta destruír tudo o que ama, tudo o que o ama, tudo. Ele vira do avesso de novo, e nada lá aparece. Só é mais uma mesma face do terrível mal que ele não é.

Como chora essa criança... esse menino que é tão pequeno, mas tão grande...
ele não é nada, mas pode tudo. Mas abre mão de Deus e do mundo, só na esperança de dar um mundo inteirinho pra alguém que faz o seu coração sem sentido ter algum sentido...

Ele diz possuir sentidos na sua vida. Ele diz isso aos amados, aos poucos.

Mas, infelizmente, nem todos os amados são amáveis. Uns tem defeitos mortais, que o mortificam mais ainda. E ele perde as palavras e, fica sem graça. Fica sem graça de amar pessoas com defeitos tão absurdos...
E se pergunta ele: "- Sou eu digno de pensar que sou perfeito? Sou tolo o suficiente de acreditar que poderia pensar que sou próximo do perfeito? Sou eu apenas mais um diferente? O que me completa? O que ressucita o morto-eu que 'vive' dentro dessas paredes brancas que é? Sou vivo?"

Gosto muito de te ver, Leaozinho.
Caminhando sob o céu frio e azul das manhãs.
Gosto demais de você, Leaozinho.

Para de se entristecer, Leaozinho!
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho
Fica feliz que só!

É. Ele não se entende, tem vergonha de sí.

Que droga. Ele não tem mais forças.
Mentira dele, ele tem sim. Mas as suas forças são tambem suas fraquezas.
E o abraço o faz chorar até hoje, todas as noites, ou seja lá qual for a hora em que ele se lembra.

Que faz ele?