28 de setembro de 2009

Exercício da Vivência.


É um exercício complexo esse de convivência. É algo que requer maturidade, que pede a sua mais profunda capacidade de aprendizado e, atenção. Muita atenção para não trocar as bolas.

Toda essa preocupação, vez por outra, ou passa extremamente despercebida, ou absolutamente descontrolada, tomando controle até de nós mesmos. Isso só poderia ser entendido como um medo do desconhecido, como uma perturbação do além-mundo, essa coisa de conviver. "Con-vi-ver", viver com, mas não somente com. Também entre, por, via, sobre, sob. Viver, entrelaçar-se, desprender-se do apego minimalista para apegar-se ao todo. Esquecer a diferença e dedicar-se, de corpo, alma e tinta, ao ato de convivência.

(Reparem, estas serão as grandes tendências motrizes das postagens daqui em diante: Relações, Eu's, Amor e Ciências).

Requer de muitos um esforço equânime ao de Atlas, carregando o nosso mundo às costas. Interessante, ele carrega todo o mundo nas costas... e ainda existem pessoas que acreditam carregar fardos imensos. Eu mesmo acreditava nisso. Hoje, prefiro encarar meus pesos como oportunidades, meios, modos de melhorar. Caminhos novos para entendimentos novos, conhecimentos novos de coisas, pessoas, mundos inteiros e inteiramente novos.


Mas, como nem tudo são rosas e espinhos, existem ainda as lagartas.


O desvio da intenção correta daquilo que é natural em nós é um acontecimento influenciado, basicamente, pelas impressões externas e as diretrizes alheias a nós próprios. Ou, como mamãe diz: Más influências. Amizades mesmo. Colegas, coleguinhas, conhecidos. Existe toda a certeza de que cada uma dessas pessoas que passam por nossas vidas todos os dias sejam também parte de nós mesmos. Desde o mais ínfimo pedaço de nossos Eu's, até a mais profunda característica pulsante e vigente.

Entretanto, como que por mágica, muitas vezes essas pulsantes características, simplesmente deixam de ser vigentes e, certamente, muitos perdem um pouco da noção de si próprios.
Isso é preocupante. Não existe armadilha maior para um ser ainda em estágio de formação do caráter, do que um longo e complicado período de desperdícios e erros, seguido de erros, seguido de erros e seguido de erros. Pois bem, essa é exatamente a hora em que temos a possibilidade de nos soldarmos mais em nós mesmos. De sermos o que viemos para ser e, galgar lugar dentro de nossas vidas. A escolha certa passa a ser todas elas, todas, todas as que são tomadas durante o dia a dia.

Não quais decisões toma, mas simplesmente como as decide. Não importa aqui o resultado, mas o caminho percorrido até ele. Sim, é um exercício que requer maturidade essa coisa outra de aprender e crescer. São duas coisas que coexistem e que nos formam: Convivência e Aprendizado.
Sem ambos, seria no mínimo complicada a existência da raça humana aos bilhões. Poderíamos ainda hoje ser um grupo de macacos. Ou então seres que tentam se isolar uns dos outros. De um modo ou de outro, estaríamos fadados ao fim, à extinção.


Mas, será que já não estamos fadados à isso? Acredito que não.
A cada dia que passa e, bem, para cada um de nós pode-se contabilizar um número maior de acontecimentos que podem mesmo nos fazer acreditar que, cedo ou tarde (mais cedo do que tarde), seremos eliminados por nossos erros. Mas não, não creio que seja uma questão de erro e correção. É algo mais do que isso. É uma questão de erro, aprendizado e evolução, sem a parte da "correção".

Nós não podemos fugir daquilo que nos amedronta
- F. Dostoiévski

Pois bem, que encaremos nossos problemas e as situações em que nos colocamos, ao invéz de passarmos boa parte de nossas vidas que, de modo recompensador ou não, é 1/3 perdida dormindo. Uns, aceitam isso como um merecido descanso. Outros, como eu, encaram essa perda de tempo como uma simples perda de tempo. De uma maneira ou de outra, vivam. Mas, acima de tudo, pensem, mesmo que seja antes de dormir e não pensar em mais nada.





Não esqueçam de beijar as mães de vocês ao acordar. Os pais também, claro.

Um comentário:

  1. Esse texto foi ótimo (ótimo é eufemismo para qualificar algo que você escreveu), mas estranho. Estranho porque quando eu penso em amizade, quando eu penso em convivência (conviver, viver com e, principalmente, por), eu penso em você, penso na gente e no que o nosso conviver nos proporcionou. É incrível porque hoje eu estava justamente pensando nisso, pensando em como tudo parece ficar mais forte e sólido em relação a nós.
    E, bem, eu fiz a escolha certa ao te escolher, eu fiz a melhor das escolhas, e, com certeza, as escolhas certas nos ajudam quando fazemos as erradas (nesse caso então!).
    Às vezes eu penso que podia gastar minhas horas de sono lendo um livro, ou fazendo algo mais proveitoso que somente "repor as energias" e já gastei muitas horas pós-sono pensando em você, ou em coisas que você disse, ou em algo que eu quero te dizer (putz, se alguém ler isso, vai pensar que a gente tem um caso).
    Enfim, não vou beijar minha mãe ao acordar, porque a gente ela é mal-humorada de manhã, mas o farei quando ela chegar em casa.
    Suas palavras são fontes de inspiração <3

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