12 de setembro de 2009

Little days could've changed my point of view at the world. But, little eyes had changed my own point of view, at all.

Começava sempre assim:
 
Ou o dia era chuvoso, ou da chuva nascia um novo dia. Eu sempre estava ansioso pela oportunidade de poder dizer algumas boas palavras nos ouvidos da Marcie, mas ela nunca parava quieta durante os recreios e, os únicos momentos em que conversávamos, era quando chovia. Quando eu não conseguia abrir a boca e falar com ela, era só mais um dia chuvoso. Quando os lábios se abriam e ambas cordas vocais começavam a vibrar com o ar pleno dos pulmões saindo, eu dizia palavras; nós conversávamos e da chuva nascia um novo dia.
Numa segunda-feira de agosto, ela me disse que iria cortar os cabelos mais curtos e que iria pintá-los, da mesma cor que os cabelos já eram só para poder atenuar a cor. Disse que iria ficar lindo e que ela ficaria mais linda ainda. Só.
 
Noutra terça-feira, em outubro, disse à ela que seu cabelo estava lindo. Ela já havia perdido a cor da tinta a muito tempo e ficou me olhando confusa. Não consegui dizer mais nada e fui embora, virando os pés e saindo pela chuva.
 
Na quarta-feira de fevereiro ela aparece com o punho engessado, e eu me preocupo de verdade.
Bem, agora percebo que eu sempre me preocupei de verdade com ela, mas não percebia isso. E que, de qualquer modo, ela já estava de braço engessado. Logo não havia com o que me preocupar, mas, mesmo assim, eu me preocupei. Perguntei se estava tudo bem e ela disse que sim, olhando pros meus sapatos velhos. Era início de voltas às aulas e todos os alunos haviam comprado calçados novos. Menos eu.
Mesmo dizendo que estava bem e, que seus olhos brillhassem mais do que nunca, pergunteil-lhe se estava sentindo dor ou algum incômodo. Ela fez que não, olhando ainda um pouco para os meus sapatos.
Então, ela simplesmente disse: "Gosto tanto dos seus sapatos pretos... eles lhe caem muito bem."
 
Perdi as palavras. Meus braços geleram ambos, minhas pernas pareciam se dobrar ao meio e, eu estava em pânico. A boca secou, as cordas não vibraram. Eu estava sem ar algum dentro dos pulmões, mesmo respirando rápido feito um animal acuádo.
 
 (...)
 


continuo depois, porque a moça vai limpar o quarto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário